"Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza.
Que a mulher que amo seja pra sempre amada mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor.
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.
E que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que penso, mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto num doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui. A outra metade, não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar, porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada, porque metade de mim é amor e a outra metade também."
— Oswaldo Montenegro
domingo, 21 de abril de 2013
” Às vezes, no silêncio da noite eu fico
imaginando nós dois. Eu fico ali sonhando acordado, juntando o antes, o
agora e o depois. Por que você me deixa tão solto? Por que você não cola
em mim? Tô me sentindo muito sozinho! Não sou nem quero ser o seu dono é
que um carinho às vezes cai bem. ”
—Caetano Veloso.
—Caetano Veloso.
terça-feira, 9 de abril de 2013
Anfiguri
Aquilo que eu ouso
Não é o que quero
Eu quero o repouso
Do que não espero.
Não quero o que tenho
Pelo que custou
Não sei de onde venho
Sei para onde vou.
Homem, sou a fera
Poeta, sou um louco
Amante, sou pai.
Vida, quem me dera...
Amor, dura pouco...
Poesia, ai!...
(Vinicius de Moraes)
- O Bardo
Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.
Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.
Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.
Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.
Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.
—
Carlos Drummond
"E ela dança tão linda, tão serena, tão minha nesse palco de ilusões.
Dança descontraidamente como se estivesse dançando em uma tarde de
domingo, e não trabalhando. Dança como se não tivéssemos problemas e a
cada giro, o vento faz o favor de trazer um pouco do seu perfume pra
mim. Ah, ela dança perfeitamente e faz questão de deixar bem claro que
ela tem o poder de fazer tudo. Tem o poder de sorrir pra mim com brilhos
nos olhos e me fazer ter a esplêndida vontade de querer abraçar o mundo
e gritar o quão misteriosa ela é. A cada noite que ouço a apresentação
do locutor dizendo em alto e bom som: “Senhoras e senhores, tenho o
prazer de apresentar-lhes o mágico e a bailarina”, minha vontade é de
parar o espetáculo e retrucar: “Não cara, o prazer é todo meu. Eu tenho
todo o prazer do mundo em fazer qualquer coisa ao lado dela.” E eu,
feito bobo, sempre me perco no meu show de amostrações, tentando fazer
com que tudo chegue aos pés dela. E eu me mostro mesmo, grito para todos
saberem como a beleza dela faz minha vida ficar mais bonita, mais leve.
Eu grito porque a amo. Ela com certeza me acha idiota, mas ao lado dela
eu fico idiota quantas vezes forem precisas, se uma dessas vezes ela me
enxergasse. Quando o circo chega em uma nova cidade, faço questão de
pronunciar o dia e o horário do show, pra ela ver que eu faço de tudo
para que vejam como baila bem. Vai que, em uma dessas noites de magia,
ela me nota."
—
A bailarina e o mágico, Desapiedar.
"Quem é aquela dama, que dá a mão ao cavalheiro agora? Ah, ela ensina as
luzes a brilhar! Parece pender da face da noite como um brinco precioso
da orelha de um etíope! Ela é bela demais pra ser amada e pura demais
pra esse mundo! Como uma pomba branca entre corvos, ela surge em meio às
amigas. Ao final da dança, tentarei tocar sua mão, pra assim purificar a
minha. Meu coração amou até agora. Não, juram meus olhos. Até esta
noite eu não conhecia a verdadeira beleza!"
—
Shakespeare, Romeu e Julieta.
"Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de
caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que vêem as
coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E não respeitam o
status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou
caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los.
Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana para a frente. E,
enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como geniais. Porque
as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, são
as que o mudam." - Jack Kerouac.
“Mas duas pessoas não se equilibram muito
tempo lado a lado, cada qual com seu silêncio; um dos silêncios acaba
sugando o outro, e foi quando me voltei para ela, que de mim não se
apercebia. Segui observando seu silêncio, decerto mais profundo que o
meu, e de algum modo mais silencioso. E assim permanecemos outra meia
hora, ela dentro de si e eu imerso no silêncio dela, tentando ler seus
pensamentos depressa, antes que virassem palavras.” — Chico Buarque, Budapeste.
domingo, 7 de abril de 2013
Nights In White Satin
Nights in white satin, never reaching the end
Letters I've written, never meaning to send
Beauty I'd always missed,
with these eyes before
Just what the truth is, I can't say anymore
'Cause I love you, yes I love you, oh, how I love you
Gazing at people, some hand in hand
Just what I'm going through they can't understand
Some try to tell me,
thoughts they cannot defend
Just what you want to be you will be in the end
And I love you, yes I love you
Oh, how I love you, oh, how I love you
Nights in white satin, never reaching the end
Letters I've written, never meaning to send
Beauty I've always missed
with these eyes before
Just what the truth is, I can't say anymore
'Cause I love you, yes I love you
Oh, how I love you, oh, how I love you
'Cause I love you, yes I love you
Oh, how I love you, oh, how I love you
{Epilogue, spoken}
Breathe deep the gathering gloom
Watch lights fade from every room
Bedsetter people look back and lament
Another day's useless energy's spent
Impassioned lovers wrestle as one
Lonely man cries for love and has none
New mother picks up and suckles her son
Senior citizens wish they were young
Cold-hearted orb that rules the night
Removes the colors from our sight
Red is grey and yellow white
And we decide which is right
And which is an illusion
Assinar:
Postagens (Atom)